segunda-feira, abril 11, 2005

LINHA DE VIDA

Uma folha em branco
Um espaço que não sei como preencher
Um vazio
Que dói.
A cabeça, entre as mãos, num torvelinho.
E os borrões de tinta, enormes, negros,
Alastrando, cobrindo tudo.
Mancha de Rorschach:
Cansaço? Indiferência? Inércia?
Talvez apenas um castelo no ar
De um passado
Definitivamente pretérito (im)perfeito
De um verbo interdito.
A queda no espaço
Quando o presente
Ameaça tornar-se futuro.
Quando uma pedra estilhaça o espelho das águas
E Narciso está só
Procurando Alice na imagem quebrada.
Sete anos de azar?
Sete mil gotas de sal.
Linha de Vida:
Sucessão de espelhos quebrados
Linhas vermelhas abertas na palma da mão
Vazia...
O vazio também ocupa espaço
Tudo é um enorme buraco negro
Porque as estrelas
São fogos-fátuos que se acendem na noite
Estão distantes
E mortas, a maior parte.
São fantasmas que nos povoam os sonhos
Qual sensação quinestésica
De pedaço amputado.

(21-01-1986)


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(Jo Whaley)

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

J� agora aproveito e comento este. Meio triste mas bonito. Ciao.

4/12/2005 12:07 da manhã  
Blogger bookworm said...

it's the dark side of the moon...
;)

5/14/2005 11:57 da tarde  

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