segunda-feira, outubro 24, 2005

A morte de D. Quixote

Ah! se acontecesse enfim qualquer coisa!

Se de repente saísse da terra um braço
e atirasse uma rosa
para o espaço.

Mas não.

Lá está o sol do costume

com a exactidão
de uma bola de lume
desenhada a compasso...

...sol que à noite continua
a andar em redor
nas entranhas da lua
- que é sol com bolor...

E desde que nasci,
haja paz ou guerra,
nunca vi outra coisa.

Ah, como queres que acredite em ti
- braço que hás-de romper a terra
e atirar uma rosa?


(José Gomes Ferreira)