terça-feira, outubro 25, 2005

habitar por dentro um subterrâneo

algo em mim se desmancha à chegada da chuva. as ruas perdem a cor, diluída nas horas cinzentas. ainda assim, é a cidade lavada que encontro, nos passeios espelhados de nostalgia. e a quase antecipação das folhas caídas, dos primeiros ventos a sacudir os montes, dos passos pesados sobre a terra húmida, despertam em mim uma morna alegria, de raiz alimentada, de regresso a casa. ser triste é um ofício, como o é pertencer ao outono, habitar por dentro um subterrâneo.

(Raquel Costa)