quarta-feira, julho 27, 2005

Diploma


(tenho de ir verificar onde é que vi isto, mas acho que mereço um diploma assim)

Eu


(egotismo.blogspot.com)

Sós,

irremediavelmente sós,

como um astro perdido que arrefece.

Todos passam por nós

e ninguém nos conhece.



Os que passam e os que ficam.

Todos se desconhecem.

Os astros não se explicam:

Arrefecem

(...)


(António Gedeão)



(Peggy Washburn)

People are strange

People are strange when you’re a stranger
Faces look ugly when you’re alone
Women seem wicked when you’re unwanted
Streets are uneven when you’re down
When you’re strange
Faces come out of the rain
When you’re strange
No one remembers your name
When you’re strange
People are strange when you’re a stranger
Faces look ugly when you’re alone
Women seem wicked when you’re unwanted
Streets are uneven when you’re down
When you’re strange
Faces come out of the rain
When you’re strange
No one remembers your name
When you’re strange
When you’re strange
Faces come out of the rain
When you’re strange
No one remembers your name
When you’re strange

(Jim Morrison / The Doors)



(Holly Roberts)

quinta-feira, julho 21, 2005

Não posso adiar

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

(António Ramos Rosa)


terça-feira, julho 12, 2005

Contacto

Todos têm os seus momentos de êxtase, o seu secreto sentido da morte, qualquer coisa que lhes serve de apoio. Visitei cada um dos meus amigos, tentando com os dedos inseguros abrir os seus pequenos cofres fechados. Expus-lhes a minha dor - não, não a dor, mas o sentimento de incompreensível mistério da vida - e pedi-lhes que a examinassem comigo. Alguns procuram os sacerdotes; outros a poesia. Eu refugio-me junto dos meus amigos, vou procurar o meu próprio coração, busco qualquer coisa intacta entre frases e fragmentos, eu a quem não basta a beleza que existe na lua e nas árvores e para quem o contacto de uma pessoa com outra é tudo, mas que nem sequer isso consigo estabelecer, permanentemente imperfeito, frágil e indizivelmente solitário.


(Vírginia Woolf - As Ondas)



(Maggie Taylor)

domingo, julho 10, 2005

Post secret II

sem (mais) palavras

e fico ausente de ideias
de juízo fico tonta de chão sem centro de mim

longe tão longe de tudo



(cláudia caetano)



(Ken Rosenthal)

terça-feira, julho 05, 2005

Post secret



(www.postsecret.blogspot.com)

sábado, julho 02, 2005

think positive...

Lado Lunar

Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à questão todo o dramatismo
Por ser para ti, eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar

(Carlos Tê / Rui Veloso)

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Vem

Vem
Além de toda a solidão
perdi a luz do teu viver
perdi o horizonte
Está bem
Prossegue lá até quereres
Mas vem depois iluminar
Um coração que sofre
Pertenço-te
Até ao fim do mar
Sou como tu
Da mesma luz
Do mesmo amar

Por isso vem
Porque te quero
Consolar
Se não está bem
deixa-te andar a navegar

(Pedro Ayres Magalhães / Madredeus

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(Arno Raphael Minkkinen)

A travessia do deserto

(...) Le petit prince, une fois sur terre, fut bien surpris de ne voir personne. Il avait déjà peur de s'être trompé de planète, quand un anneau couleur de lune remua dans le sable.

- Bonne nuit, fit le petit prince à tout hasard.

- Bonne nuit fit le serpent.

- Sur quelle planète suis-je tombé? demanda le petit prince.

- Sur la Terre, en Afrique, répondit le serpent.

- Ah!... Il n'y a donc personne sur la Terre?

- Ici c'est le désert. Il n'y a personne dans les déserts. La Terre est grande, dit le serpent.

Le petit prince s'assit sur une pierre et leva les yeux vers le ciel:

- Je me demande, dit-il, si les étoiles sont éclairées afin que chacun puisse un jour retrouver la sienne. Regarde ma planète. Elle est juste au-dessus de nous... Mais comme elle est loin!

- Elle est belle, dit le serpent. Que viens-tu faire ici?

- J'ai des difficultés avec une fleur, dit le petit prince.

- Ah! fit le serpent.

Et ils se turent.



- Où sont les hommes? reprit enfin le petit prince. On est un peu seul dans le désert...

- On est seul aussi chez les hommes, dit le serpent.




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(Saint-Exupery)

sexta-feira, julho 01, 2005

Nascimento último

Como se não tivesse substância e de membros apagados.
Desejaria enrolar-me numa folha e dormir na sombra.
E germinar no sono,germinar na árvore.
Tudo acabaria na noite,lentamente,sob uma chuva densa.
Tudo acabaria pelo mais alto desejo num sorriso de nada.
No encontro e no abandono,na última nudez,
respiraria ao ritmo do vento,na relação mais viva.
Seria de novo o gérmen que fui,o rosto indivisível.
E ébrias as palavras diriam o vinho e a argila
e o repouso do ser no ser,os seus obscuros terraços.
Entre rumores e rios a morte perder-se-ia.



(António Ramos Rosa - No Calcanhar do Vento)


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(Cynthia Greig)