domingo, maio 22, 2005

Sleeping beauty

"DOGS HAVE MASTERS, CATS HAVE SUPPORT STAFF"


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sexta-feira, maio 20, 2005

Je ne regrette rien

Non! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal tout ça m'est bien égal !

Non ! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette rien...
C'est payé, balayé, oublié
Je me fous du passé!

Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux !

Balayés les amours
Et tous leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro ...

Non ! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette nen ...
Ni le bien, qu'on m'a fait
Ni le mal, tout ça m'est bien égal !

Non ! Rien de rien ...
Non ! Je ne regrette rien ...
Car ma vie, car mes joies
Aujourd'hui, ça commence avec toi !

(Marc Heyal / Edith Piaff)


(Janet Ingram)

domingo, maio 15, 2005

Aos Amigos

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.

(Herberto Hélder)



quarta-feira, maio 11, 2005

O Convite

Não me interessa o que fazes na vida. Quero saber o que anseias e se tens coragem de sonhar com a realização desse anseio.



Não me interessa que idade tens.Quero saber se tens coragem de fazer figuras tolas em busca do amor, dos teus sonhos, da aventura de estar vivo.



Não me interessa quais os planetas que regem a tua lua. Quero saber se tocaste no âmago da tua própria dor, se tens estado aberto às traições da vida ou se te fechaste com medo de sofrer novamente. Quero saber se consegues sentar-te na presença da dor, tua ou minha, sem tentares escondê-la, esmorecê-la ou remendá-la.



Quero saber se consegues estar na presença da alegria, tua ou minha, se consegues dançar loucamente e deixar o êxtase inundar-te da ponta dos pés à cabeça, sem dizer "tem cuidado, sê realista, lembra-te das limitações do ser humano".



Não me interessa se a história que me contas é verdadeira. Quero saber se és capaz de desiludir uma pessoa para seres verdadeiro para contigo próprio; se consegues suportar a acusação de traição e não traíres a tua alma, se consegues despojar-te de fé e ser de confiança.



Quero saber se consegues ver a beleza, mesmo quando não é bonita, todos os dias, e se consegues alimentar a tua vida com a sua presença.



Quero saber se consegues viver com o fracasso, teu e meu, e ainda assim abeirar-te do lago e gritar à Lua Cheia de prata: "Sim!"



Não me interessa saber onde vives ou quanto dinheiro tens. Quero saber se consegues levantar-te, depois de uma noite de dor e desespero, cansado e dorido até ao âmago, e fazer o que for preciso para alimentar os teus filhos.



Não me interessa quem conheces ou como aqui chegaste. Quero saber se enfrentarás as chamas comigo, sem dares um passo atrás.



Não me interessa onde, o quê ou com quem estudaste. Quero saber o que te sustenta, por dentro, quando tudo o resto desmorona.



Quero saber se consegues estar a sós contigo mesmo e se verdadeiramente aprecias a tua companhia nos momentos vazios.







(Ancião Índio)



(Maggie Taylor)

domingo, maio 08, 2005

AQUI

Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem,
No interior das coisas canto nua.

Aqui livre sou eu – eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos,
Aqui sou eu em tudo quanto amei.

Não por aquilo que só atravessei,
Não p’lo meu rumor que só perdi,
Não p’los incertos actos que vivi,

Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.

(Sophia de Mello Breyner Andressen)



(Terri Weifenbach)

Identidade

Matei a lua e o luar difuso.
Quero os versos de ferro e de cimento.
E em vez de rimas, uso
As consonâncias que há no sofrimento.

Universal e aberto, o meu instinto acode
A todo o coração que se debate aflito.
E luta como sabe e como pode:
Dá beleza e sentido a cada grito.

Mas como as inscrições nas penedias
Têm maior duração,
Gasto as horas e os dias
A endurecer a forma da emoção.


(Miguel Torga, Penas do Purgatório, 1954)



(James Pitts)

sábado, maio 07, 2005

Sete luas

Há noites que são feitas dos meus braços
e um silêncio comum às violetas
e há sete luas que são sete traços
de sete noites que nunca foram feitas


Há noites que levamos à cintura
como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
duma espada à bainha de um cometa.


Há noites que nos deixam para trás
enrolados no nosso desencanto
e cisnes brancos que só são iguais
à mais longínqua onda de seu canto.


Há noites que nos levam para onde
o fantasma de nós fica mais perto:
e é sempre a nossa voz que nos responde
e só o nosso nome estava certo.


(Natália Correia)



(Gaylen Morgan)

Mar sonoro

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.

(Sophia de Mello Breyner Andressen)



(Gaylen Morgan)

Revisiting the past

NAUFRÁGIO

No turbilhão das ondas
que fustigam a minha carne dorida,
continuo a lutar contra a fúria do mar.
Continuo à procura da luz do farol.

Como resposta, a mesma escuridão de há anos
Só a revolta da tempestade, a cortar o silêncio, ensurdecedor.

E é o frio que me veste
E a vida que me despe,
Lentamente, meigamente,
Quase com amor.
Mas não lhe sinto os beijos e as carícias que procuro,
nem o regaço acolhedor que anseio,
nem o calor da voz com que sonho.
Só o vento, a chuva, e sempre aquele frio.
As ondas cobrem o meu corpo nu
de rendas brancas, puras, castas.
Castidade, castigo, castração.
NÃO. Grito. Mas ninguém me ouve!
Onde estão os amigos?
Onde estão os que amo?
Não vêem que me afogo?
Não vêem que me estão a afogar?
Lancem-me uma corda
Eu preciso!
Lancem-me essa corda.
Nem que seja para eu me matar.

(escrito por Helena S. em 08-12-84)


('Les Larmes' - Man Ray)

Noite dentro

Recado

ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte

vai até onde ninguém te possa falar
ou reconhecer - vai por esse campo
de crateras extintas - vai por essa porta
de água tão vasta quanto a noite

deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
a as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertigem do voo - deixa
que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coração - ouve-me

que o dia te seja limpo
e para lá da pele constrói o arco de sal
a morada eterna - o mar por onde fugirá
o etéreo visitante desta noite

não esqueças o navio carregado de lumes
de desejos em poeira - não esqueças o ouro
de marfim - os sessenta comprimidos letais
ao pequeno almoço


(Al Berto)



(David Burdeny)

Famara

De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.


(Sophia de Mello Breyner Andressen)