eu estou aqui
segunda-feira, março 27, 2006
blog em estado de hibernação.
eu estou aqui
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segunda-feira, novembro 21, 2005
Be Kind
we are always asked
to understand the other person's
viewpoint
no matter how
out-dated
foolish or
obnoxious.
one is asked
to view
their total error
their life-waste
with
kindliness,
especially if they are
aged.
but age is the total of
our doing.
they have aged
badly
because they have
lived
out of focus,
they have refused to
see.
not their fault?
whose fault?
mine?
I am asked to hide
my viewpoint
from them
for fear of their
fear.
age is no crime
but the shame
of a deliberately
wasted
life
among so many
deliberately
wasted
lives
is.
(Charles Bukowski)
to understand the other person's
viewpoint
no matter how
out-dated
foolish or
obnoxious.
one is asked
to view
their total error
their life-waste
with
kindliness,
especially if they are
aged.
but age is the total of
our doing.
they have aged
badly
because they have
lived
out of focus,
they have refused to
see.
not their fault?
whose fault?
mine?
I am asked to hide
my viewpoint
from them
for fear of their
fear.
age is no crime
but the shame
of a deliberately
wasted
life
among so many
deliberately
wasted
lives
is.
(Charles Bukowski)
Ignorance
Strange to know nothing, never to be sure
Of what is true or right or real,
But forced to qualify or so I feel,
Or Well, it does seem so:
Someone must know.
Strange to be ignorant of the way things work:
Their skill at finding what they need,
Their sense of shape, and punctual spread of seed,
And willingness to change;
Yes, it is strange,
Even to wear such knowledge - for our flesh
Surrounds us with its own decisions -
And yet spend all our life on imprecisions,
That when we start to die
Have no idea why.
(Philip Larkin)
Of what is true or right or real,
But forced to qualify or so I feel,
Or Well, it does seem so:
Someone must know.
Strange to be ignorant of the way things work:
Their skill at finding what they need,
Their sense of shape, and punctual spread of seed,
And willingness to change;
Yes, it is strange,
Even to wear such knowledge - for our flesh
Surrounds us with its own decisions -
And yet spend all our life on imprecisions,
That when we start to die
Have no idea why.
(Philip Larkin)
Teste
Advanced Global Personality Test Results
|
personality tests by similarminds.com
quinta-feira, outubro 27, 2005
Raiz
Os nervos, essa rede quase hidrográfica através da qual todo o real nos vem desaguar na carne, tomam com frequência a configuração de uma raiz que sub-repticiamente nos houvesse mergulhado na memória
(Luís Miguel Nava)
(Luís Miguel Nava)
OFÍCIO IMPERFEITO
Atormenta-me a certeza calma e clara
de que jamais concluirei um único poema.
Atormentam-me, mas não me afligem,
as estrelas infinitamente brilhantes
e a luz do sol exacto sobre os dias.
Flor ou pássaro são palavras que me agradam
mas não sei se dão sentido ao silêncio.
São-me gratas todas as formas e cores do amor,
mesmo quando coisa amada e amor possível
se confundem no objecto impossível do desejo.
Gosto das praias que se despem no Outono,
embora me incomode o vento quando não traz gaivotas.
Sinto prazer em imaginar labirintos (sobretudo de versos)
ou perder-me na encruzilhada dos sonhos.
Sei que tudo isto (uma nuvem azul, um sorriso)
fica aquém do poema, fica no limiar da palavra,
mas mesmo assim persisto no ofício de contemplar a esfinge.
(Paulo Ramalho)
de que jamais concluirei um único poema.
Atormentam-me, mas não me afligem,
as estrelas infinitamente brilhantes
e a luz do sol exacto sobre os dias.
Flor ou pássaro são palavras que me agradam
mas não sei se dão sentido ao silêncio.
São-me gratas todas as formas e cores do amor,
mesmo quando coisa amada e amor possível
se confundem no objecto impossível do desejo.
Gosto das praias que se despem no Outono,
embora me incomode o vento quando não traz gaivotas.
Sinto prazer em imaginar labirintos (sobretudo de versos)
ou perder-me na encruzilhada dos sonhos.
Sei que tudo isto (uma nuvem azul, um sorriso)
fica aquém do poema, fica no limiar da palavra,
mas mesmo assim persisto no ofício de contemplar a esfinge.
(Paulo Ramalho)
terça-feira, outubro 25, 2005
o magro invento de um sonho
(...) quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
(Mia Couto)
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
(Mia Couto)
habitar por dentro um subterrâneo
algo em mim se desmancha à chegada da chuva. as ruas perdem a cor, diluída nas horas cinzentas. ainda assim, é a cidade lavada que encontro, nos passeios espelhados de nostalgia. e a quase antecipação das folhas caídas, dos primeiros ventos a sacudir os montes, dos passos pesados sobre a terra húmida, despertam em mim uma morna alegria, de raiz alimentada, de regresso a casa. ser triste é um ofício, como o é pertencer ao outono, habitar por dentro um subterrâneo.
(Raquel Costa)
(Raquel Costa)
segunda-feira, outubro 24, 2005
A morte de D. Quixote
Ah! se acontecesse enfim qualquer coisa!
Se de repente saísse da terra um braço
e atirasse uma rosa
para o espaço.
Mas não.
Lá está o sol do costume
com a exactidão
de uma bola de lume
desenhada a compasso...
...sol que à noite continua
a andar em redor
nas entranhas da lua
- que é sol com bolor...
E desde que nasci,
haja paz ou guerra,
nunca vi outra coisa.
Ah, como queres que acredite em ti
- braço que hás-de romper a terra
e atirar uma rosa?
(José Gomes Ferreira)
Se de repente saísse da terra um braço
e atirasse uma rosa
para o espaço.
Mas não.
Lá está o sol do costume
com a exactidão
de uma bola de lume
desenhada a compasso...
...sol que à noite continua
a andar em redor
nas entranhas da lua
- que é sol com bolor...
E desde que nasci,
haja paz ou guerra,
nunca vi outra coisa.
Ah, como queres que acredite em ti
- braço que hás-de romper a terra
e atirar uma rosa?
(José Gomes Ferreira)
:Z
Ouve, tu que não existes em nenhum céu:
Estou farto de escavar nos olhos
abismos de ternura
onde cabem todos
menos eu.
Estou farto de palavras de perdão
que me ferem a boca
dum frio de lágrimas quentes de punhal.
Estou farto desta dor inútil
de chorar por mim nos outros.
- Eu que nem sequer tenho a coragem de escrever
os versos que me fazem doer.
(José Gomes Ferreira)
Estou farto de escavar nos olhos
abismos de ternura
onde cabem todos
menos eu.
Estou farto de palavras de perdão
que me ferem a boca
dum frio de lágrimas quentes de punhal.
Estou farto desta dor inútil
de chorar por mim nos outros.
- Eu que nem sequer tenho a coragem de escrever
os versos que me fazem doer.
(José Gomes Ferreira)
sexta-feira, outubro 21, 2005
Caminho sem pés e sem sonhos
Caminho sem pés e sem sonhos
só com a respiração e a cadência
da muda passagem dos sopros
caminho como um remo que se afunda.
os redemoinhos sorvem as nuvens e os peixes
para que a elevação e a profundidade se conjuguem.
avanço sem jugo e ando longe
de caminhar sobre as águas do céu.
(Daniel Faria)
só com a respiração e a cadência
da muda passagem dos sopros
caminho como um remo que se afunda.
os redemoinhos sorvem as nuvens e os peixes
para que a elevação e a profundidade se conjuguem.
avanço sem jugo e ando longe
de caminhar sobre as águas do céu.
(Daniel Faria)
domingo, outubro 16, 2005
Pouco mais há a dizer
pouco mais há a dizer. caminho largando os últimos resíduos da memória. fragmentos de noite escritos com o coração a pressentir as catástrofes do mundo. a grande solidão é um lugar branco povoado de mitos, de tristezas e de alegria. mas estou quase sempre triste. por exemplo, no fundo deste poço vi inclinar-se a sombra adolescente que fui. água lunar, canaviais, luminosos escaravelhos. este sol queimando a pele das plantas. caminho pelos textos e reparo em tudo isto. o que começo deixo inacabado, como deixarei a vida, tenho a certeza, inacabada. o mundo pertenceu-me, a memória revela-me essa herança, esse bem. hoje, apenas sinto o vento reacender feridas, nada possuo, nem sequer o sofrimento. outra memória vai tomando forma, assusta-me. ainda quase nada aconteceu e já envelheci tanto. um jogo de estilhaços é tudo o que possuo, a memória que vem ainda não tem a dor dentro dela. as fotografias e os textos, teu rosto, poderiam projectar-me para um futuro mais feliz, ou contarem-me os desastres dos recomeçados regressos. mas, quando mais tarde conseguir reparar que a vida vibrou em mim, um instante, terei a certeza de que nada daquilo me pertenceu. nem mesmo a vida, nenhuma morte. na mesma posição, reclinado sobre meu frágil corpo, recomeço a escrever. estou de novo ocupado em esquecer-me. a escrita é precária morada para o vaguear do coração. resta-me a perturbação de ter atravessado os dias, humildemente, sem queixumes. anoitece ou amanhece, tanto faz.
(Al Berto)
(Al Berto)
quinta-feira, outubro 13, 2005
Hide in your shell
Hide in your shell cos the world is out to bleed you for a ride
What will you gain making your life a little longer?
Heaven or Hell, was the journey cold that gave your eyes of steel
Shelter behind painting your mind and playing joker
Too Frightening to listen to a stranger
Too Beautiful to put your pride in danger
You're waiting for someone to understand you
But you've got demons in your closet
And you're screaming out to stop it
Saying life's begun to cheat you
Friends are out to beat you
Grab on to what you scramble for
Don't let the tears linger on inside now
Cos it's sure time you gained control
If I can help you, if I can help you
If I can help you, just let me know
Well, let me show you the nearest signpost
To get your heartback and on the road
If I can help you, if I can help you
If I can help you, just let me know.
All through the night as you lie awake and hold yourself so tight
What do you need, a second-hand-movie-star to tend you?
I as a boy, I believed the saying the cure for pain was love
How would it be if you could see the world through my eyes?
Too Frightening- the fire's getting colder
Too Beautiful- to think you're getting older
You're looking for someone to give an answer.
But what you see is just an illusion
You're surrounded by confusion
Saying life's begun to cheat you
Friends are out to beat you
Grab on to what you can scramble for
Don't let the tears...
... just let me know
I wanna know...
I wanna know you...
Well let me know you
I wanna feel you
I wanna touch you
Please let me near you
Can you hear what I'm saying?
Well I'm hoping, I'm dreamin', I'm prayin'
I know what you're thinkin'
See what you're seein'
Never ever let yourself go
Hold yourself down, hold yourself down
Why d'ya hold yourself down?
Why don't you listen, you can
Trust me,
There's a place I know the way to
A place there is need to feel you
Feel that you're alone
Hear me
I know exactly what you're feelin'
cos all your troubles are within you
please begin to see that I'm just bleeding to
Love me, love you
Loving is the way to Help me, help you
- Why must we be so cool, oh so cool?
Oh, we're such damn fools...
(Supertramp)
What will you gain making your life a little longer?
Heaven or Hell, was the journey cold that gave your eyes of steel
Shelter behind painting your mind and playing joker
Too Frightening to listen to a stranger
Too Beautiful to put your pride in danger
You're waiting for someone to understand you
But you've got demons in your closet
And you're screaming out to stop it
Saying life's begun to cheat you
Friends are out to beat you
Grab on to what you scramble for
Don't let the tears linger on inside now
Cos it's sure time you gained control
If I can help you, if I can help you
If I can help you, just let me know
Well, let me show you the nearest signpost
To get your heartback and on the road
If I can help you, if I can help you
If I can help you, just let me know.
All through the night as you lie awake and hold yourself so tight
What do you need, a second-hand-movie-star to tend you?
I as a boy, I believed the saying the cure for pain was love
How would it be if you could see the world through my eyes?
Too Frightening- the fire's getting colder
Too Beautiful- to think you're getting older
You're looking for someone to give an answer.
But what you see is just an illusion
You're surrounded by confusion
Saying life's begun to cheat you
Friends are out to beat you
Grab on to what you can scramble for
Don't let the tears...
... just let me know
I wanna know...
I wanna know you...
Well let me know you
I wanna feel you
I wanna touch you
Please let me near you
Can you hear what I'm saying?
Well I'm hoping, I'm dreamin', I'm prayin'
I know what you're thinkin'
See what you're seein'
Never ever let yourself go
Hold yourself down, hold yourself down
Why d'ya hold yourself down?
Why don't you listen, you can
Trust me,
There's a place I know the way to
A place there is need to feel you
Feel that you're alone
Hear me
I know exactly what you're feelin'
cos all your troubles are within you
please begin to see that I'm just bleeding to
Love me, love you
Loving is the way to Help me, help you
- Why must we be so cool, oh so cool?
Oh, we're such damn fools...
(Supertramp)
quarta-feira, outubro 12, 2005
(...) mas gosto da noite e do riso de cinzas.
gosto do deserto, e do acaso da vida.
gosto dos enganos, da sorte e dos encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu coração,
ou onde o medo tem a precaridade doutro corpo. (...)
(Al Berto)
gosto do deserto, e do acaso da vida.
gosto dos enganos, da sorte e dos encontros inesperados.
pernoito quase sempre no lado sagrado do meu coração,
ou onde o medo tem a precaridade doutro corpo. (...)
(Al Berto)
sexta-feira, outubro 07, 2005
antes da palavra
hesito muito antes da palavra.
porque um precipício se abre nela
e não tem sentido, vibra apenas.
porque pode ser a morte
ou o nascimento para um lugar
de cores e fadas e barcos de sol.
porque me doem as mãos
cada vez que tento segurar
o mundo em traços redondos quadrados.
por isso te digo: hesito e morro e nasço.
e corro para a rua com a força de quem
vai anunciar gritar chamar dizer.
mas lá fora sorrio apenas
enquanto caminho para um banco
de jardim, devagarinho,
como se por um momento
eu soubesse o nome de tudo
e tudo tivesse o mesmo nome.
(Vasco Gato)
porque um precipício se abre nela
e não tem sentido, vibra apenas.
porque pode ser a morte
ou o nascimento para um lugar
de cores e fadas e barcos de sol.
porque me doem as mãos
cada vez que tento segurar
o mundo em traços redondos quadrados.
por isso te digo: hesito e morro e nasço.
e corro para a rua com a força de quem
vai anunciar gritar chamar dizer.
mas lá fora sorrio apenas
enquanto caminho para um banco
de jardim, devagarinho,
como se por um momento
eu soubesse o nome de tudo
e tudo tivesse o mesmo nome.
(Vasco Gato)
sexta-feira, setembro 30, 2005
Afterglow
Afterglow
É sempre comovente o pôr do sol
por indigente ou berrante que seja,
mas ainda bem mais comovedor
é o brilho desesperado e derradeiro
que enferruja a planície
quando o último sol ficou submerso.
Dóí-nos reter essa luz tensa e clara,
essa alucinação que impõe ao espaço
o medo unânime da sombra
e que pára de súbito
quando notamos como é falsa,
quando acabam os sonhos,
quando sabemos que sonhamos.
(Jorge Luis Borges)
É sempre comovente o pôr do sol
por indigente ou berrante que seja,
mas ainda bem mais comovedor
é o brilho desesperado e derradeiro
que enferruja a planície
quando o último sol ficou submerso.
Dóí-nos reter essa luz tensa e clara,
essa alucinação que impõe ao espaço
o medo unânime da sombra
e que pára de súbito
quando notamos como é falsa,
quando acabam os sonhos,
quando sabemos que sonhamos.
(Jorge Luis Borges)